Governo Lula foi surpreendido por operação dos EUA que retirou opositores de Maduro de embaixada argentina na Venezuela

Brasil assumiu custódia do local após expulsão de diplomatas argentinos, mas não tinha conhecimento prévio da ação americana.

7 de maio de 2024

Integrantes da diplomacia brasileira afirmaram nesta quarta-feira (7) que o governo Lula foi pego de surpresa com a operação liderada pelos Estados Unidos para retirar opositores do regime de Nicolás Maduro que estavam asilados na Embaixada da Argentina em Caracas.

A ação ocorre em um contexto de tensão diplomática: como o governo do presidente argentino Javier Milei — assim como outros países e organizações internacionais — não reconheceu a reeleição de Maduro em 2023, a Venezuela expulsou os diplomatas argentinos do país. Com isso, o Brasil assumiu a custódia da representação diplomática argentina em Caracas, conforme previsto nas Convenções de Viena (1961 e 1963).

Na terça-feira (6), o secretário de Estado americano, Marco Rubio, anunciou que os opositores venezuelanos abrigados na embaixada haviam sido resgatados e levados aos EUA em uma operação com participação do governo norte-americano.

Brasil não foi informado sobre a operação

Questionado sobre se tinha conhecimento prévio da ação ou se cooperou com os EUA, o Itamaraty respondeu, em caráter reservado, que não foi comunicado sobre a operação. Diplomatas destacaram que a posição oficial do Brasil sempre foi buscar salvo-condutos para que os opositores deixassem a Venezuela de forma regular — algo que o governo Maduro nunca autorizou.

"Não estão claras as circunstâncias da saída", disse um diplomata, observando que a embaixada está cercada por forças de segurança venezuelanas. O Itamaraty afirmou que o grupo está em segurança, mas não detalhou como a retirada foi realizada.

EUA e Argentina comemoram operação

Em suas redes sociais, Marco Rubio celebrou o resgate:
"Os EUA comemoram o resgate bem-sucedido de todos os reféns mantidos pelo regime de Maduro na Embaixada Argentina em Caracas."

Já o presidente argentino, Javier Milei, classificou a ação como uma "operação de extração", indicando que foi feita sem o aval do governo venezuelano.

A situação reforça as divergências diplomáticas em torno da Venezuela, enquanto o Brasil mantém sua postura de mediação, distinta da abordagem mais confrontadora adotada por EUA e Argentina.

📌 Contexto adicional:

• A custódia da embaixada pela Brasil é temporária e segue regras internacionais.

• O Itamaraty não confirmou se houve contato com os EUA após a operação.

• A Venezuela não se pronunciou oficialmente sobre o caso.

(Fontes: Diplomatas brasileiros, declarações oficiais de EUA e Argentina)