Alimentação e saúde impactam IPCA de abril e sustentam pressão sobre taxa Selic, apontam especialistas

O aumento nos preços de alimentos e serviços de saúde foi decisivo para o resultado do IPCA em abril, segundo análise de economistas. Esse cenário mantém a pressão sobre o Banco Central para sustentar os juros básicos da economia (Selic) no patamar atual.

Robson Ramos

5/9/20252 min read

Inflação de abril surpreende com alta de serviços e mantém pressão sobre juros, dizem analistas

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta de 0,43% em abril, impulsionado principalmente pelos grupos de Alimentação e bebidas (0,82%) e Saúde e cuidados pessoais (1,18%). O dado, divulgado nesta sexta-feira (9) pelo IBGE, reforçou preocupações sobre a persistência inflacionária e seu impacto na política monetária.

Núcleos inflacionários surpreendem

A média dos núcleos de inflação subiu 0,50%, acima do esperado, indicando resistência na desaceleração de preços. Destaque para:

  • Produtos industrializados (puxados por vestuário)

  • Serviços (alimentação fora de casa e serviços pessoais)

Segundo a XP Investimentos, o cenário ainda é de "inflação persistente e desafiadora", sem sinais de alívio no curto prazo. Já o economista Leonardo Costa (ASA) aponta que a inflação de serviços continua elevada (entre 7,5% e 8% desde dezembro/2024), refletindo um mercado de trabalho aquecido e demanda robusta.

Alimentação fora de casa e serviços pressionam

  • Alimentação fora do domicílio subiu 0,80%, contrariando expectativas de desaceleração.

  • Serviços pessoais (como cabeleireiros e consertos de automóveis) também tiveram alta.

  • Bens industrializados aceleraram, possivelmente influenciados pela desvalorização cambial no fim de 2024.

Trajetória de alta no acumulado

No último ano, o IPCA passou de 5,48% em março para 5,53% em abril. Para Lucas Barbosa (AZ Quest), os dados mostram "surpresas generalizadas de aceleração", enquanto Gustavo Rostelato (Armor Capit) ressalta que serviços seguem firmes, mesmo com deflação em passagens aéreas.

Projeções e impacto na Selic

  • XP revisou sua estimativa para 2025 de 6% para 5,7%, mas alerta para riscos fiscais.

  • ASA projeta 5,3% (com viés de alta), enquanto PicPay estima 5,6%.

Com a inflação ainda resistente, analistas avaliam que o Copom deve elevar a Selic em 0,25 p.p. em junho, para 15% ao ano. Gesner Oliveira (FGV/GO Associados) não descarta uma pausa no ciclo de alta, mas ressalta que o cenário segue incerto.

Próxima decisão do Copom: 18 de junho, com expectativa de manutenção ou novo ajuste na taxa básica.